O Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas (CdE) firmou, em agosto, uma parceria com o Sistema Integrado de Monitoramento de Cultivos Ilícitos (SIMCI), projeto do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) na Colômbia.
O SIMCI é um projeto de caráter tecnológico que, além de monitorar o cultivo de ilícitos há duas décadas, promove estudos em áreas relacionadas, tendo desenvolvido uma metodologia para estimar o preço de drogas ilícitas nas diferentes regiões da Colômbia.
O objetivo da parceria é a transferência de tecnologia e assessoria técnica na elaboração e implementação de uma metodologia para monitorar os preços de cocaína e maconha no Brasil. A partir disso, também será possível identificar eventuais impactos que as variações no mercado de ilícitos causam na dinâmica criminal brasileira.
Para o Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (SENAD/MJSP), Luiz Roberto Beggiora, a parceria é mais um ganho para a segurança pública do país. “O monitoramento da precificação reflete o comportamento das organizações criminosas responsáveis pelo tráfico nacional e internacional de drogas. Essas novas informações, produzidas no âmbito do CdE, certamente contribuirão com a SENAD e com outros órgãos do governo brasileiro para fornecer evidências e indicadores para o aprimoramento das políticas públicas sobre drogas no Brasil”.
De acordo com o coordenador da unidade de Estado de Direito do UNODC no Brasil, Nivio Nascimento, o SIMCI conta com ampla experiência na elaboração de estudos e no monitoramento de mercados ilícitos e tráfico de drogas. “O CdE desempenha um importante papel ao trazer e adaptar experiências internacionais para o enfrentamento do tráfico de drogas e o crime organizado transnacional, respondendo à demanda crescente por dados e informações confiáveis para a tomada de decisão nessa área”.
O projeto piloto do CdE, fruto de uma parceria entre a SENAD/MJSP, o UNODC e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), surge para desenvolver pesquisas e publicações que auxiliem na construção de conhecimento estratégico sobre a redução da oferta de drogas ilícitas no Brasil.
SIMCI
Desde 1999, por meio do uso de satélites e verificação de campo, o projeto calcula a extensão das áreas de cultivo ilícito de coca e o potencial de produção de cloridrato de cocaína no país, construindo séries históricas que subsidiam relatórios anuais sobre o tema.
Além disso, o SIMCI promove estudos temáticos sobre o cultivo de maconha e papoula, sobre as substâncias químicas empregadas na produção de drogas e sobre a extração ilícita de minerais. O modelo de pesquisa do projeto, com enfoque geográfico, se sustenta na construção de informação primária, no trabalho de campo e no desenho de indicadores para a obtenção de dados.
A atuação do SIMCI contribui para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, 15 e 16, já que as informações geradas dão visibilidade ao papel das mulheres nos territórios estudados, evidenciam o avanço da fronteira agrícola, os danos a ecossistemas e a dispersão de fenômenos como o cultivo de ilícitos e a mineração de ouro, além de contribuírem com o fortalecimento institucional para a prevenção dos crimes associados à produção de drogas.