Como analisar e integrar dados nas áreas de drogas, mineração ilegal e desmatamento? Essa foi a pergunta que permeou o webinário “Sensoriamento Remoto e a Geografia do Crime”, promovido em dezembro de 2020 pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) no Brasil.
A equipe do novo Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas (CdE), implementado pelo UNODC em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), participou do evento.
Na ocasião, especialistas do UNODC Colômbia dividiram com representantes de entidades brasileiras a experiência do Sistema Integrado de Monitoramento de Cultivos Ilícitos (SIMCI) daquele país, projeto que tem permitido melhorar a capacidade de monitoramento e análise da extensão, dinâmica e impacto dos cultivos ilícitos. Com informações confiáveis e transparentes, a iniciativa tem apoiado os processos de tomada de decisão e a capacidade institucional de prevenção e combate ao tráfico ilícito de drogas.
Integração de dados
Os especialistas do UNODC Colômbia explicaram ainda como funcionam a análise e a integração de dados no sensoriamento remoto em áreas com ocorrência de drogas, mineração ilegal, extração ilegal de ouro de aluvião e desmatamento. Além disso, apresentaram métodos qualitativos de investigação em mercados ilícitos, e questões técnicas sobre a produção e o mercado de drogas naturais e sintéticas.
Para a diretora do Escritório de Ligação e Parceria do UNODC no Brasil, Elena Abbati, o evento online foi uma oportunidade de compartilhar conhecimentos e construir redes para combater o crime no Brasil. “Gostaria de afirmar que o UNODC continua disponível para seguir cooperando no objetivo comum do enfrentamento ao tráfico de drogas, crime organizado transnacional e crimes ambientais”, afirmou.
Participaram do webinário representantes de Polícia Federal, Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Receita Federal, Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) e Secretaria de Operações Integradas (SEOPI), esses dois últimos ligados ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
SIMCI
Na abertura do painel, o coordenador do SIMCI, Leonardo Correa, falou sobre a evolução do sistema, que, no início, buscava apenas identificar territórios de cultivo de coca, até encontrar um modelo de monitoramento que busca não apenas a droga, mas o delito.
“O objetivo inicial do projeto era usar o sensoriamento remoto e, a partir disso, identificar a produção de cocaína para compreender as implicações do lugar onde estava sendo desenvolvido tal fenômeno. Mas verificamos que a única informação disponível era a quantidade de coca e, por ser a única variável disponível, muitas estratégias de políticas públicas começaram a ser estabelecidas com base nisso. A partir daí, vimos a necessidade de criar variáveis que pudessem permitir a melhor mensuração das políticas públicas”, disse Correa.
CdE
O projeto piloto do Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas (CdE) é uma iniciativa que segue os modelos de maior sucesso no combate ao crime organizado e ao tráfico de ilícitos ao redor do mundo. Fruto de uma parceria inovadora entre a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o CdE surge com a proposta de contribuir com informações qualificadas sobre a oferta de drogas no país por meio do compartilhamento de evidências científicas sobre os mercados de ilícitos.