Como etapa do Projeto Piloto de Monitoramento do Mercado de Drogas Ilícitas, o Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas (CdE) promoveu um workshop on-line voltado a organizações de segurança pública e pesquisadores. O público incluiu policiais militares e civis e peritos estaduais de Pernambuco, Paraná, São Paulo e Mato Grosso, estados que integram a iniciativa.
O evento, que contou com a participação de 195 pessoas, ocorreu no dia 30 de junho, em parceria com o Sistema Integrado de Monitoramento de Cultivos Ilícitos (SIMCI – Colômbia) do Escritório Regional das Nações Unidas sobre Drogas e Crime para os Países Andinos e Cone Sul e com o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.
Na abertura, o diretor de Políticas Públicas e Articulação Institucional Substituto da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (SENAD/MJSP), Gustavo Baptista, falou sobre a importância de estudos sobre o monitoramento do mercado de drogas ilícitas no auxílio ao processo de tomada de decisão em diferentes esferas governamentais.
“O conhecimento construído é útil aos órgãos que coordenam e operam políticas públicas, que precisam enxergar o cenário nacional de oferta de drogas e, com isso, tomar decisões em termos de investimentos em equipamentos para identificação de drogas, unidades especializadas, entre outros; àqueles que atuam na gestão de organizações de segurança pública, no sentido de conseguirem dimensionar os impactos de suas ações nas atividades de repressão, na parte de análise de indicadores em operações da polícia; e também é muito relevante para quem está na ponta, o policial que está na rua e precisa de informações para, por exemplo, poder identificar se uma droga tem mais valor que outra, que a cocaína possui níveis de pureza diferentes que, certamente, impactam no preço final”, argumentou Baptista.
Análises e perfis
O evento contou com duas apresentações. Adriano Maldaner, perito criminal do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, abordou o tema das análises de pureza das drogas apreendidas no Brasil pela Polícia Federal com foco na apresentação do perfil químico da cocaína.
“O perfil químico da cocaína, que denominamos ‘pequi’, fornece dados e informações não somente para perícia como também de inteligência. O pequi não é estanque, depende da dinâmica do mercado. Nos últimos anos vemos novos adulterantes sendo adicionados à cocaína e identificados pela perícia. Essas substâncias podem ter efeitos nocivos à saúde tão fortes ou piores do que a droga em si”, destacou.
Já o SIMCI apresentou processos e infraestrutura utilizados na produção de cocaína e para a extração e refinamento dos alcaloides da coca nos países Andinos, com exposições de Hernando Bernal, Diego Sanches e Laura Castro.
“O tipo de informações que temos obtido nos mostra que os mercados estão mudando, o que gera grandes desafios para o controle. E identificar o produto vai nos ajudar a criar alertas com relação a preço da droga no mercado, se a ela foi produzida para consumo ou para tráfico, por exemplo. Conhecer as diferenças físico-químicas entre a base de cocaína e o cloridrato constitui ferramenta fundamental para demonstrar a dinâmica do tráfico que ocorre transnacionalmente”, ressaltou Laura.
Sobre o CdE
O Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas é fruto de uma parceria entre a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (SENAD/MJSP), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil.